DOAÇÃO E CAPTAÇÃO DE ÓRGAOS – UMA VISÃO INSTITUCIONAL
Por RAQUEL PUSCH02-08-16 | 22:38
DOAÇÃO E CAPTAÇÃO DE ÓRGAOS – UMA VISÃO INSTITUCIONAL
O tema Captação e Doação de Órgãos - Uma Visão Institucional surgiu da percepção entre as demandas de pacientes que permaneciam meses hospitalizados a espera de um órgão para transplante, e de outro lado, de pacientes que evoluíam para morte encefálica em uma Unidade de Terapia Intensiva. Atualmente, a carência de órgãos é o maior obstáculo ao aumento do número de transplantes. A falta de órgãos se deve a vários fatores, incluindo problemas culturais, sociológicos, médico-legais, diagnóstico tardio, abordagem inadequada a família do potencial doador entre outros. O objetivo principal da pesquisa foi investigar as variáveis associadas às dificuldades encontradas para captação de órgãos pelos profissionais de saúde que atuam em uma Unidade de Terapia Intensiva - UTI e no comitê intra-hospitalar, por meio de levantamento de dados nos hospitais credenciados pela Central Estadual de Transplante - CET/PR, em Curitiba - PR. A pesquisa se caracteriza como levantamento, a qual se deu por meio de um questionário destinado aos profissionais da saúde que atuam em UTI. O tratamento dos dados se deu pela análise e interpretação, com descrição e comparação com a regulamentação do procedimento. Para obtenção dos fatores que influenciam a decisão das famílias, assim como a influência do credo religioso, buscou-se informações em análises já consolidadas pela comunidade acadêmica, tanto com pesquisa bibliográfica quanto com pesquisa documental. Os achados mais importantes da pesquisa em relação às famílias foram, que a opinião e o conhecimento da população sobre doação e transplante de órgãos pode influenciar no processo de captação de órgãos e que não existem fórmulas mágicas para melhorar as taxas de doação de órgãos, mas existe um número de fatores que influenciam o consentimento da família. Pode-se perceber que a doação de órgãos é uma questão complexa e multifatorial que não só tem impacto sobre o doador, mas também sobre sua família, a família do receptor e a sociedade. Do ponto de vista da religião, pode-se concluir que as religiões são a favor da doação de órgãos. As religiões quando falam de doação de órgãos vêem este ato como conseqüência de um processo de desprendimento, da matéria. Isto é, quando o homem adquire consciência da sua transitoriedade da vida material e corporal e a abre para a possibilidade para uma vida espiritual. A respeito da pesquisa de campo sobre o protocolo do coordenador intra-hospitalar podemos perceber que em torno de 70% das instituições avaliadas funcionam em um padrão similar para a freqüência das reuniões, intervenções multiprofissionais, educação continuada e protocolos. A dificuldade que a pesquisa pode provar não é apontada pelos coordenadores ela está relacionada aos meios de comunicação, ou seja, na interface entre o corpo clinico e a coordenação intra-hospitalar. Já com o protocolo de avaliação médico plantonista/intensivista tem-se os seguintes achados: as questões mais importantes observadas foram a dificuldade de comunicação entre membros de uma mesma instituição; falta de remuneração; profissionais não doadores e profissionais que não se interessam por este assunto atuando na captação.
Entendemos que estes fatos tratados isoladamente não dão conta de explicar o declínio do processo de captação nos últimos dois anos, nem os segmentos pesquisados informaram consistentemente a causa deste declínio. O que mais próximo sugere indicadores para a oxigenação do processo é a cultura familiar, que pode efetivamente, desencadear comportamentos de rejeição por incompreensão. Há, no mundo todo, um desequilíbrio entre a oferta e a demanda por órgãos para transplante. Acredita-se que aumentar a taxa de consentimento é a forma mais eficaz de incrementar o número de transplantes, enquanto se aguardam alternativas terapêuticas para solucionar o problema da escassez de órgãos. As perspectivas de tratamento por meio de transplantes de órgãos dependerão, cada vez mais, não só da regulamentação que os governos vierem a estabelecer em seus países, mas, sobretudo da vontade política para que estes sistemas funcionem por meio do fornecimento de condições, para que isso aconteça.
Por acreditar que hoje as empresas e entidades da área da saúde não podem pensar em resultados sem que haja uma educação social voltada para os problemas de saúde, somente por meio de políticas públicas bem estruturadas poder-se-ia envolver a sociedade buscando o respaldo e apoio de todos e por meio de um processo de educação continuada com isso a comunidade poderá formar a sua opinião e atitude diante da opção de ser ou não ser doador de órgãos. Contribuindo assim com uma sociedade sustentável.
Psicóloga Raquel Pusch de Souza
Mestre – Organizações e Desenvolvimento – Políticas Públicas