TRANSTORNO BIPOLAR

Por RAQUEL PUSCH
13-08-16 | 14:34

TRANSTORNO BIPOLAR

          O transtorno afetivo bipolar era denominado até bem pouco tempo de psicose maníaco-depressiva. Esse nome foi abandonado e com a mudança de nome esse transtorno deixou de ser considerado uma perturbação psicótica para ser considerado uma perturbação afetiva.

          A alternância de estados depressivos com maníacos é a tônica dessa patologia. Muitas vezes o diagnóstico completo e correto só será feito depois de muitos anos. Por exemplo, uma pessoa que apresente um estado depressivo, pode receber o diagnóstico de depressão (inicialmente correto) e dez anos depois apresentar um episódio maníaco, o que caracteriza, na verdade, um transtorno bipolar, entretanto, até que a mania surgisse não era possível conhecer o diagnóstico verdadeiro.

          O indivíduo com transtorno bipolar do humor pode apresentar grandes oscilações no seu estado, atrapalhando muito o andamento de sua vida no trabalho e nas relações afetivas e sociais em geral. O termo mania é popularmente entendido como fazer várias vezes a mesma coisa. Em psiquiatria, mania significa um estado exaltado de humor com aumento de energia, sem qualquer relação com o momento que o indivíduo está vivendo. Nesse período a pessoa não está alegre por um motivo especial, mas com humor eufórico e irritável, com pensamento acelerado, verborragia, idéias de grandeza, otimismo exagerado, aumento da auto-estima e da disposição, desinibição exagerada, comportamento inadequado muito freqüente, ausência de senso crítico, abuso de álcool, tabaco e/ou outras drogas, distração e gastos excessivos, levando a conseqüências desastrosas nas finanças pessoais e familiares.

Tipos de Transtornos Bipolares

O Transtorno Bipolar manifesta-se de duas formas, designadas de “bipolar I” e “bipolar II”. O paci­ente bipolar do tipo “um” apresenta fases bem caracterizadas de mania e depressão. Apresenta eufo­ria, irritabilidade, aceleração do pensamento, diminuição do sono e ausência de juízo criti­co, entre outros sintomas, na fase de mania; desânimo, lentidão, dificuldade de concentra­ção e apatia, na fase depressiva – ou pode apresentar estados mistos, em que estes sintomas e fases se mesclam.

         Já no transtorno bipolar do tipo "dois", a fase depressiva é bem caracterizada, mas os episódios maníacos são pouco distintos. Nesse caso, a doença é identificada por dis­cretas alterações do humor, chamadas hipomanias. No tipo "dois" é freqüente a confusão de diagnóstico com o Transtorno Depressivo Unipolar podendo haver uso inadequado de antidepressivos. O reconhecimento destes quadros é importante, visto que o uso de antidepressivos pode agravar seu curso, assim como também ocorre na doença bipolar com fases maníacas típicas (tipo I)

O diagnóstico do transtorno bipolar tam­bém é difícil quando a enfermidade ocorre em crianças. Segundo os especialistas, o distúrbio apresenta-se de maneira atípica e é freqüentemente confundido com hiperatividade ou desvio de conduta. Além disso, é comum a doença manifestar-se as­sociada à hiperatividade em crianças.

          Estudos epidemiológicos, como o National Comorbidity Survey, nos Estados Unidos, indicam que o transtorno bipolar é relativamente freqüente, com prevalência de 1,6% para o tipo I e de 0,5% para o tipo II. A idade média de início dos quadros bipolares situa-se logo após os 20 anos, embora alguns casos se iniciem ainda na adolescência e outros possam começar após os 50 anos.

Qual a causa da doença?

          A causa propriamente dita é desconhecida e provavelmente não existe um fator causal único, mas sim uma combinação de fatores que propiciam o desenvolvimento da bipolaridade, influenciando ou precipitando o seu surgimento. A influência genética certamente é um fator de suscetibilidade pois em aproximadamente 80 a 90% dos casos os pacientes apresentam algum parente na família com transtorno bipolar. Não se pode entretanto determinar quem irá desenvolver o quadro pois  mesmo entre gêmeos, um deles pode  desenvolver a doença e o outro não. Diversos fatores podem desencadear um surto da doença: traumas, incidentes ou acontecimentos fortes geradores de estresse, mudanças súbitas no estilo de vida, troca de emprego, fim de casamento, morte de pessoa querida, abuso de álcool ou de drogas, etc.

Como se trata?

                    No tratamento medicamentoso para o Transtorno Bipolar (tipos I e II) são recomendados os estabilizadores do humor (entre os mais utilizados está o divalproato de sódio), ou, nas fases mais agudas, remédios chamados neurolépticos atípicos como a risperidona e a olanzapina. As doses recomendadas dependem da intensidade do quadro e devem ser estabelecidas com o acompanhamento médico periódico até a estabilização do mesmo. 

Tratamento não farmacológico

A terapia cognitiva é mais indicada neste tipo de transtorno pois, ela esclarece antecipadamente as condutas a serem adotadas durante o tratamento buscando assim, uma maior adesão e comprometimento do paciente. Importante salientar  que no inicio do tratamento o paciente deve reconhecer que  transtorno bipolar envolve um “problema na química do cérebro”, e que  a depressão maníaca é um transtorno de “diátese-estresse”, isso significa que o problema biológico não está sozinho; ele interage com o estresse.

A dinâmica do tratamento cognitivo consiste no paciente entender seus esquemas de funcionamento, alterar percepções errôneas, crenças irracionais e comportamentos mal adaptados. O terapeuta passa a ser um facilitador, pois deve  ensinar novas habilidades sociais para  aumentar o  repertório e minimizar os  colapsos emocionais do paciente. Com isso o paciente passa a aprender a  administrar suas próprias emoções.  Vale reforçar que o tratamento não é um processo passivo e sim de automonitorização.

 

Quando em um episódio de Mania ou Euforia o paciente pode apresentar:

Quando em um episódio de Depressão o paciente pode apresentar:

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Aumento de energia e disposição;

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Humor eufórico;

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Irritabilidade, impaciência, "pavio curto";

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Distração;

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Exaltação;

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Pensamento acelerado, tagarelice;

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Insônia;

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Otimismo exagerado, aumento da auto-estima;

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Gastos excessivos;

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Falta de senso crítico;

Em casos mais graves pode ocorrer:

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Delírios e alucinações;

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Abuso de álcool ou drogas;· Idéias de suicídio;

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Desinibição exagerada;

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Comportamentos inadequados;

 

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Desânimo, cansaço mental;

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Dificuldade de concentração, esquecimento;

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Isolamento social e familiar;

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Apatia, desmotivação;

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Sentimento de medo, insegurança, desespero e vazio;

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Pessimismo, idéias de culpa;

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Baixa auto-estima;

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Alteração do apetite;

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Redução da libido;

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Aumento do sono;

Em casos mais graves pode ocorrer:

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Dores e problemas físicos como, cefaléia, sintomas gastrintestinais, dores pelo corpo e pressão no peito;

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Idéias suicidas.

 

 

Considerações 

 

O Transtorno Bipolar é doença clínica, não fraqueza ou defeito de caráter devendo-se sempre buscar seu tratamento e a recuperação. O tratamento mais indicado atualmente é uma combinação de medicamentos e psicoterapia. O diagnóstico precoce e a terapêutica adequada são os procedimentos mais eficazes para a melhoria e a manutenção da qualidade de vida da pessoa. É de vital importância também o conhecimento da doença e do seu tratamento por parte do paciente e pelos familiares.

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