AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DA SÍNDROME DE BURNOUT EM UTIS

Por psicosaude
22-07-16 | 15:02

Pusch, S.R; Youssef, N; Oliveira C.M; Hilgemberg, C.E; Réa-Neto, Á.

INSTITUIÇÃO: UTI – Hospital das Nações; UTI Hospital trabalhador; CEPETI – Centro de Estudos e Pesquisa em terapia Intensiva; Curitiba- Pr

 

INTRODUÇÃO: Burnout foi o nome que se achou para falar de desistência no trabalho sinônimo ao nosso ver para a falta de motivação. Cuidar exige tensão emocional constante, atenção perene; grandes responsabilidades espreitam a cada gesto no trabalho. O trabalhador se envolve afetivamente com os seus clientes, se desgasta e, num extremo, desiste, não agüenta mais, entra em burnout. A primeira constatação foi burnout tratar-se de um problema, uma síndrome que afeta principalmente os trabalhadores encarregados de cuidar (caregivers).

 

OBJETIVO: Buscamos identificar com esta pesquisa a presença de componentes de burnout em 4 UTIs geral/adulta em Curitiba.

 

METODOLOGIA: Protocolo de avaliação quantitativa de “burnout” que consiste em uma escala composta de 3 fatores, num total de 22 itens. Os itens compõem os fatores de exaustão emocional, envolvimento pessoal no trabalho e despersonalização. O fator exaustão emocional mede uma situação em que os trabalhadores sentem que não podem dar mais de si mesmos a nível afetivo. Percebem esgotada a energia e os recursos emocionais próprios, devido ao contato diário com os problemas. O fator envolvimento pessoal com o trabalho mede a falta de envolvimento, a tendência do funcionário a uma “evolução negativa” no trabalho, afetando a habilidade para realização do trabalho e o atendimento, ou contato com as pessoas usuárias, bem como a organização. A despersonalização mede o desenvolvimento de sentimentos e atitudes negativas e de cinismo às pessoas destinatárias do trabalho (usuário/clientes), endurecimento afetivo, ”coisificação” da relação.

 

RESULTADOS: Foram avaliados 4 UTIs adulto, sendo duas UTIs de trauma e 2 UTIs médicos cirúrgicas. Nas UTIs de trauma 98% dos funcionários responderão o protocolo, onde 88,5% dos funcionários não apresentam sinais de burnout, 9,0% devem tomar medidas preventivas e 2,5% estão a caminho do burnout. Nas UTIs médico cirúrgicas foram encontrados os seguintes resultados: 97% dos funcionários responderão o protocolo, onde: 95,5% dos funcionários não apresentam sinais de burnout, 3,0% devem tomar medidas preventivas e 1,5% estão a caminho do burnout.

 

CONCLUSÃO: Não foram identificados componentes de burnout nas UTIs. Foi observado que existe uma moderada tendência das equipes nas UTIs para a exaustão emocional, uma baixa a moderada tendência para o envolvimento no trabalho e despersonalização. O resultado acima nos remete a questionar que não houve diferença de comprometimento no trabalho entre as UTIs trauma e médico cirúrgicas, tão pouco trouxe subsídio para se criar novas alternativas e gerarmos melhores condições no ambiente de trabalho, pois não foram identificadas demandas nas equipes. O fator nocivo do trabalho não está na dedicação, no empenho, mas nas condições de organização e na relação com o sujeito tem com o trabalho.

 

Fonte: Revista Brasileira de Terapia Intensiva – AMIB suplemento I – ano 2002. X Congresso Brasileiro de Terapia Intensiva.

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